Fazenda vai monitorar bois via satélite

São Paulo - A Fazenda Ramalhete, localizada em Rio Brilhante, município a 150 quilômetros de Campo Grande (MS), já foi parte da história. Era a sede de uma imensidão de terra: 1 milhão de hectares. Pertencia a Laucídio Coelho, “o maior fazendeiro do mundo”, segundo apontou o Guinness Book, em 1977, ano em que Coelho faleceu.

Agora, a Ramalhete, uma fração de 5 mil hectares, busca nova notoriedade. Quer mostrar como ganhar dinheiro com a pecuária de corte com a ajuda do suporte tecnológico que inclui a instalação em área de pasto de infra-estrutura para acesso wi-fi e link dedicado da Impsat para a transmissão e recepção de dados via satélite. E quem repassará as informações? Os peões, claro.

O investimento no pacote tecnológico, cuja função será a de garantir a eficiência da gestão, rapidez no tráfego de dados e controle da engorda do plantel, não é pequeno. Consumirá parte de R$ 1 milhão projetado para o ano. Quem comandará tudo isso não entendia nada de boi há pouco mais de nove meses, quando, em agosto de 2004, Wilson Coelho, filho de Laucídio, faleceu e deixou a fazenda.

Rafael Possik, marido da neta de Wilson Coelho, é versado em tecnologia. Com a Indaiá Serviço, faz toda a gestão de informações no campus da Faap, em São Paulo. Pois foi a experiência adquirida em ambiente escolar que decidiu transferir para o curral. “Sem conhecer nada sobre o setor, achei que podia ousar. Criar um negócio com uma concepção totalmente nova, sem qualquer 'pré-conceito'”, diz Possik.

Leu sobre boi, nutrição, buscou informações e decidiu que a partir de agora deixará o sistema da pecuária extensiva para a semi-intensiva, tudo amparado com a ajuda da tecnologia. O plantel é de 1,5 mil cabeças, número que quer elevar para 10 mil em cinco anos. Nos 3,5 mil hectares, adotará a rotação de pastagem. A estratégia é cuidar da engorda. Pegar o garrote com 10 arrobas e cuidar para que chegue a 15.

Para a engorda final, levará as cabeças para a fazenda vizinha. “A produção será em etapas. Pelos cálculos, a engorda numa fazenda especializada em confinamento (período em que o boi chega a 17 arrobas) pode assegurar rentabilidade de 3% ao mês”, contabiliza Possik. Durante esse período, a Fazenda Ramalhete buscará outra receita: a comercilização de sementes. Com 75 dias de descanso, o pasto terá tempo para se recuperar e produzir sementes. Possik acha que a receita adicional garantirá rentabilidade adequada para o investimento, mesmo num momento em que o mercado se queixa dos baixos preços. Para 2005, a Ramalhete quer levar 500 cabeças ao confinamento e produzir 1 mil hectares de sementes. (AE)

Fonte: AN Agora
http://an.uol.com.br/anagora/html/69612.htm

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